segunda-feira, 12 de maio de 2014

Consciência


“Homem se acha entre duas superfícies de estímulos. Por intermédio da periferia sensorial, o meio dele solicita atos de adaptação ou de apreensão imediatas. Mercê do córtex cerebral, desenvolve o mundo da representação, das situações ideais, dos motivos inaturais. (Wallon, 197)”:

“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. (MARX — O 18 Brumário de Luís Bonaparte)”.

Colocado no mundo, sem saber de onde vem, nem para onde vai, o homem conhece o peso da existência principalmente por essas duas necessidades em torno das quais se reúnem todas as outras: a necessidade de alimentar-se que se faz sentir por intermédio da fome, e a necessidade de aprender, menos ativa, porém mais elevada, resultante das funções intelectuais. Assim pode-se admitir duas vidas distintas na existência humana: a vida do corpo que é sua face externa e a vida do espírito que é sua face interna subjetiva.
A reconstrução do corpo se opera por meio da nutrição; a do espírito por meio do conhecimento, de modo que o trabalho que garante o desenvolvimento material e o estudo que garante o desenvolvimento da vida do espírito, são as condições de todo o progresso.
Ora, o conhecimento adquire-se mediante esforços contínuos. A humanidade encontra dificuldades enormes em sua marcha ascendente e é só depois de mil tentativas inúteis e não rara vez com grandes sacrifícios que vai conseguindo aumentar o tesouro de seus conhecimentos; e ainda assim a verdade que lhe serve de guia, acha-se ordinariamente cercada de uma infinidade de erros.
Daí lutas contínuas, por tal modo que a história, pelo menos no que tem relação com o movimento intelectual, não é mais que a história das lutas constante da verdade contra a superstição e o erro. Resulta-se, portanto, o visível mal estar geral refletido no estado de perturbação e ansiedade que se acham presentemente reduzidos todos os povos.
Mas, todavia, não pode o homem, em virtude desse fato, esmorecer e julgar que para si mesmo e o mundo não há salvação e que a humanidade caminha em direção a um fim caótico e sem volta; mas, ao contrário, o homem tem o direito e o dever de buscar uma solução para os embates da vida, percebendo que se veio ao mundo desconhecido de si, é causa isso somente do estado de ignorância em que se encontra.

A natureza tem o seu maior enigma no próprio homem, pois para o homem ela existe, como também é voltada para ele a sua própria finalidade; finalidade esta, que deve ser encontrada na indagação do significado real da imensidão que o cerca, como também, na interrogação dos segredos da consciência, de maneira que possa o homem, compreender a parte que está representando no mundo.
Pelo aspecto físico ou materialista, entendemos o mundo como ele nos representa fisicamente, o que compreende sua natureza externa, palpável, em cuja face abriga a humanidade e onde essa realiza sua luta pela sobrevivência. Já pelo aspecto subjetivo, que é o aspecto fundamental a ser estudado; compreende-se basicamente na função de trazer à luz da consciência, a finalidade mesma do mundo e da função ao qual o homem está predestinado a cumprir.
Entendemos, pois, que o destino do homem, como o destino do espírito em geral, é aperfeiçoar-se, e dar maior extensão possível às suas energias, e alcançar em todas as manifestações de sua atividade, o mais alto grau de desenvolvimento; numa palavra é dominar; mas é preciso distinguir duas espécies de domínio: o domínio do homem sobre a natureza e o domínio do homem sobre si mesmo.
O primeiro alcança-se pelas ciências da matéria, o segundo, pela ciência do espírito. Logo, podemos seguramente conceber, à luz da razão, que a finalidade primordial do homem no mundo é conhecer, e que, por conseguinte, a finalidade do mundo que o abriga é existir para o conhecimento.
Para finalizar despeço-me com umas das principais meditações de Farias Brito:

“Há, pois a luz, há a natureza e há a consciência. A natureza é Deus representado, a luz é Deus em sua essência e a consciência é Deus percebido". Raimundo de Faria Brito um dos maiores expoentes da filosofia brasileira

Raimundo de Farias Brito, escritor e filósofo brasileiro, nasceu em São Benedito, Estado do Ceará, em 1862; entre várias de suas obras destacamos "A Filosofia Como Atividade Permanente do Espírito Humano" e "Finalidade do Mundo", onde notamos acentuado esforço pela busca da verdade.
   
CANÇÕES INFANTIS BRASILEIRAS


Aspectos psicológicos Conta, um brasileiro que está morando nos Estados Unidos da América, que, para ajudar no orçamento, está prestando serviço de babá. Numa noite, conta ele, "cantei 'boi da cara preta' para uma das meninas de quem cuidava, antes dela dormir. Ela adorou, e essa passou a ser a música que sempre pedia para eu cantar ao colocá-la na cama. Antes de adotarmos o “boi, boi, boi” como canção de ninar, a canção que cantávamos, em inglês, dizia algo como: 'boa noite, linda menina, durma bem. Sonhos doces venham para você, sonhos doces por toda noite'... Que lindo, não é mesmo? Eis que um dia Mary Helen me perguntou o que as palavras da música 'boi da cara preta' queriam dizer em inglês. Foi aí que me dei conta de que não deveria falar a verdade sobre a letra da música. Como dizer que, na verdade, a música 'boi da cara preta' era uma ameaça, era algo como 'durma logo, menina, senão o boi vem te comer'? Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina?" Ao mentir para a garota, começou a pensar em outras canções infantis, pois não se Sentiria bem, ameaçando a menina com um temível boi toda noite... E o moço pensou consigo mesmo: "que tal! 'Nana neném que a cuca vai pegar...? ' Outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva, e de uma longa reflexão, o rapaz se deu conta de que a maioria delas é imprópria e pode gerar traumas na criança. Várias letras vieram a sua mente, mas a maioria era imprópria para quem deseja a serenar a alma de uma criança, ao colocá-la para dormir”. “Atirei o pau no gato", por exemplo. Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais e de crueldade. "Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré". Essa canção coloca a realidade vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces. "Marcha soldado, cabeça de papel! Quem não marchar direito, vai preso pro quartel.” Uma ameaça”.A canoa virou, foi pro fundo do mar, foi por causa do fulano que não soube remar.”Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras aprendem a condenar o semelhante”.Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada. Samba-lelê precisava é de umas boas palmadas.” A pessoa, conhecida como samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidados médicos, mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas!” O anel que tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou...” Essa canção diz que o amor não vale a pena, pois é falso e frágil”. O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada; o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada. O cravo ficou doente, a rosa foi visitar; o cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar “Desgraça e mais desgraça, e ainda incita a violência conjugal. Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essas passagens anos a fio? Importante pensar com carinho sobre o que queremos passar de informação aos nossos pequenos. Se eles crescem ouvindo palavras amargas, violentas e deprimentes, certamente construirão na intimidade imagens que traduzem essas idéias infelizes. Se, ao contrário, ouvem palavras de afeto, de bem-querer, de confiança, de esperança e harmonia, edificarão na alma um mundo correspondente. Pense nisso! As crianças são emprestadas aos pais, pelo Criador, para que esses as ajudem a evoluir no caminho do bem. Sendo assim, faça o melhor pelos seus filhos e educandos, pois chegará o dia em que terá que prestar contas dessa nobre missão que lhe foi confiada. Pense nisso!

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